A Nova Era como malha
DOI:
https://doi.org/10.20890/reflexus.v13i21.735Abstract
O artigo visa discutir a utilização de duas teorias antropológicas contemporâneas para a compreensão da religiosidade Nova Era: a Teoria Ator-Rede, de Bruno Latour, e o conceito de malha, do antropólogo Tim Ingold. Parte-se do pressuposto da errância como uma característica fundamental da Nova Era, onde a busca pelo aprimoramento e pelo self perfeito levam o indivíduo à procura de práticas, vivências e rituais descontextualizados de suas tradições originais, constantemente rearranjados e instrumentalizados. Como sociologia que busca associações, a Teoria Ator-Rede pode ser útil para compreender as conexões que ocorrem nesse contexto, porém, leva em conta conexões entre pontos definidos. A malha, entretanto, compreende essas relações como fluxos, onde não há elementos conectados, mas diferentes linhas contínuas entrelaçadas como um tecido. Assim, a Nova Era não se trata de uma conexão de práticas, vivências e rituais diversificados, mas da própria relação, em consonância com a ideia ingoldiana de malha.References
AMARAL, Leila. Carnaval da alma: comunidade, essência e sincretismo na Nova Era. Petrópolis: Vozes, 2000.
______. Um EspÃrito sem lar: sobre uma dimensão ‘nova era’ da religiosidade contemporânea. In: VELHO, Otávio (org.). Circuitos infinitos: comparações e religiões no Brasil, Argentina, Portugal, França e Grã-Bretanha. São Paulo: Attar, p.17-59, 2003.
CHAMPION, Françoise. Les sociologues de la pos-modernité religieuse et la nébuleuse mystique-ésotérique. Archive de Scienses Sociales de Religions, n. 67, 1989, p. 155-169.
D’ANDREA, Antony. O self perfeito e a Nova Era: Individualismo e reflexividade em
religiosidades pós-tradicionais. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015.
______. Trazendo as coisas de volta à vida. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, n. 37, 2012, p. 25-44.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Bauru: EDUSC, 2012.
______. Reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches. Bauru:
EDUSC, 2002.
MAGNANI, José Guilherme C. Mystica Urbe: um estudo antropológico sobre o circuito neo-esotérico na metrópole. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
______. Xamãs na cidade. Revista USP, São Paulo, n. 67, 2005, p. 218-227.