2025-1: TEOLOGIA DO DOMÍNIO E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024
A relação entre religião e política não é recente. No que diz respeito ao cristianismo não é uma exceção. No Brasil, o cristianismo ainda é majoritário. Se a relação entre religião e política não é nova, é possível dizer que existem outras configurações, recomposições, rearranjos que chamam atenção para velhas estruturas e ressignificações destas, assim como de algo que jamais havia sido percebido por pesquisadores(as) de diferentes áreas. Um dos eixos centrais da metodologia de Marx, como também de Hegel, é a “centralidade do presente” para o conhecimento dos fenômenos históricos. Com essa expressão, entende-se a história como um processo em permanente desenvolvimento e o presente como momento privilegiado para se entender o passado. Com esse intuito de compreender o presente sem sonegar o passado, propomos um dossiê, que à luz de mais uma eleição (2024), traz repetições e atualizações sobre um tema que jamais perderá o status de relevância na sociedade. Nas mais recentes falas e considerações sobre o que está acontecendo no Brasil, surgiu uma classificação com aparência de novo: a Teologia do Domínio (TD). O debate tem sido levantado tanto por religiosos, como cientistas da religião, sociólogos, filósofos, historiadores etc. O teólogo Leonardo Boff, por exemplo, defende a tese de que a TD (ou o dominionismo) nasceu nos EUA por volta dos anos 1970, num contexto do reconstrucionismo cristão calvinista. Ainda que haja alguma verdade na sua análise, assim como a que faz João Cézar de Castro Rocha, o assunto merece maior atenção. A TD pressupõe uma “vontade” latente, característica da religião: o domínio. Teria a religião uma vocação para o domínio? Será que não se estabeleceu uma pressuposição, no sentido de Rousseau, de um estado natural, onde a religião vivia ou se articulava sem qualquer ambição pelo poder? Ou, então, resolveu-se situar num passado recente a TD para melhor compreensão dos ouvintes e leitores atuais, nenhum pouco preocupados com acontecimentos milenares? Seja como for, queremos trazer novas reflexões, provocações e problematizações que atualizem o assunto. Nesse sentido, contamos com olhares interdisciplinares que possam expandir a compreensão do cenário religioso-político contemporâneo, onde o ponto de partida será a TD e o pleito eleitoral de 2024.
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