2024-2: Religião, fundamentalismo e política no Brasil contemporâneo

2023-07-04

O termo fundamentalismo foi utilizado pela primeira vez como identificação de um movimento que ocorreu no protestantismo na década de 1920 nos EUA, período em que as denominações protestantes enfrentaram grandes desafios. O darwinismo, as novas concepções históricas, sociológicas e psicológicas e a rápida secularização, especialmente nas ciências e no ensino superior, desafiaram a autoridade da Bíblia e dividiram a tradição evangélica americana entre liberais, dispostos a modificar algumas doutrinas evangélicas para ter mais credibilidade aos olhos da sociedade, e os conservadores, que continuaram a acreditar na literalidade da Bíblia. O fundamentalismo não se configurou como uma denominação em si, mas era um movimento que permeava todas as igrejas protestantes. Hoje, como uma forma de pensar que alimenta ideologias religiosas e políticas e se posiciona contra um inimigo ou uma ameaça percebida com o objetivo de proteger sua identidade, o termo fundamentalismo é utilizado para descrever crenças religiosas caracterizadas pelo extremismo e inclinadas à violência. Considerando isso, a proposta do Dossiê é acolher artigos que investiguem a relação entre religião, fundamentalismo e política no Brasil contemporâneo. As ideologias e religiões fundamentalistas absolutizam os fundamentos de uma religião ou pensamento, entrelaçando-as com ideias e métodos em torno desses absolutos. Com uma atitude reacionária forte, elas facilmente caem no extremismo, militância, abusos dos direitos humanos, até mesmo lançando mão da violência.

 

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